Como seu negócio pode fortalecer o sentido na vida das pessoas

Como seu negócio pode fortalecer o sentido na vida das pessoas

Lendo o livro “Em busca de sentido” de Vicktor Frakl me deparo com essa frase de Nietzsche, um tanto arrebatadora.

Tenho, nos últimos anos conduzido processos de reposicionamento, identidade e diferenciação de negócios e sinto uma demanda latente nos atendimentos para ajudar profissionais e empresas a construírem novos sentidos que sustentem suas existências e a do negócio.  Retecer ou recriar o “por quê”, a razão de existir tem sido um eixo ancorador para desenvolver negócios.

Estamos todos, ainda, sob os efeitos dos destroços da pandemia, de contextos de luto, guerra, “tragédias” ambientais e tantos outros movimentos que impactaram as relações, nossa vida nos âmbitos pessoal e profissional.

 Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que o Brasil é o país com maiores índices de ansiedade no mundo e o quinto em índices de depressão.  

Paralelamente, a esse cenário vemos belas iniciativas como a Rede Brasil do Pacto Global, a Sociedade Brasileira de Psicologia e a InPress Porter Novelli criando o movimento #MenteEmFoco que fomenta melhores práticas em saúde e bem-estar nas organizações.

E… como esses desafios de saúde mental têm transformado nossas rotas, desejos, negócios e vidas?

Sustentar um negócio nesse momento não é tarefa simples quando muitos já não conseguem sustentar suas próprias razões para o viver. Então pergunto:

  • Quando não somos capazes de mudar uma situação ou uma causa, vivenciando um contexto de tríade trágica (dor, culpa e morte) como conservar o sentido potencial da vida dentro de nossos negócios?
  • Poderiam os negócios auxiliarem as pessoas no processo de tecer novos sentidos à suas vidas?

Essa é uma das reflexões com as quais tenho me ocupado buscando entender possíveis frestas de atuação. Compartilho a seguir algumas ideias com você.

PILAR 1

 NEGÓCIOS SERVIDORES-

O servir como um eixo de construção de sentidos e novas possibilidades.

Se amanhã, o seu negócio deixasse de existir, o quê seus clientes e stakeholders (funcionários, fornecedores, comunidade e investidores) perderiam no mundo?

Um produto, um serviço se inscrevem num contexto para ajudar alguém a resolver um problema, superar um desafio, conquistar algo que se quer, ou seja, todo negócio tem uma função de nutrir e transformar algo na vida das pessoas, podendo ser aspectos emocionais, sociais, fisiológicos, funcionais etc.

Você reconhece esses efeitos do seu negócio na vida das pessoas?

Aprender a servir nos convida a entender as necessidades e o que faz sentido na vida das pessoas com as quais interagimos.  Assim, para que possamos servir a alguém, nos colocamos abertos e dispostos a escutar e a conhecer seus sonhos, os desafios, desejos e os problemas que enfrentam.

  • Como você tem permitido a existência de espaços para nutrir o eixo servidor dentro e fora de sua organização?
  • Quais necessidades seu negócio ajuda a suprir?
  • Você conhece os contextos de vida de seus perfis de clientes? Dos seus beneficiários? Dos seus funcionários? Da comunidade local que você impacta direta ou indiretamente?

E o que essas perguntas têm a ver com a construção de sentido?

Tecer relações de ajuda é um potente elemento de construção de sentido e compartilhamento de valor.

Produtos, serviços e negócios ganham potência de transformação quando em seu processo de criação contemplam propósito genuíno de transformar positivamente determinado contexto.

Tanto para quem cria, apoia quanto para quem consome, se conectar com a possibilidade de transformação dá sustentação existencial, de utilidade, de relevância, de pertencimento. Estar consciente das escolhas, do propósito de como se pretende transformar é uma forma de tecer posicionamentos mais equilibrados.

Nessa perspectiva é de grande responsabilidade atuarmos de forma consciente sabendo que o trabalho tem esse potencial de ser um vetor de criação, fortalecimento de sentido e realização na vida das pessoas e na cadeia de valor do negócio.

PILAR 2

Reavivar os valores, a identidade e reconhecer o que faz sentido 

“Não basta doarmos o que temos – precisamos também doar o que somos”.
Desiré Mercier

“Por onde vamos começar o trabalho? Ela perguntou?

 Por dentro”, respondi”.

Assim comecei atender Janaína que havia criado um negócio de revenda de vinhos. Ela professora de arte, havia passado por um período delicado tratando um câncer.

De início percebemos que seria impossível entrar na guerra de preço e competir com preços no mercado. 

Era um caso de reposicionar o negócio e seu propósito. Mas como? Foi então que perguntei a ela: Se nesse trabalho você pudesse realizar seus valores e ideais – qual seria a coisa mais importante a compartilhar? Quais são os princípios básicos que guiam você?

Naquele momento, vi os olhos dela se encherem de lágrimas e emocionada ela respondeu: “celebrar a vida, o que está vivo em nós. Celebrar as conquistas. Abrir espaço para momentos de brindar à vida, aprender e poder tecer novas relações consigo e com outros”.

A partir daquele encontro que afirmava os valores de vida, nascia um novo produto da @Santevinhosdelivery e o verdadeiro propósito que sustentava o negócio.

Ao invés de focar a venda de vinho, Janaína realizou uma série de pequenos eventos com grupos de mulheres com o intuito de promover encontros celebrativos em que as pessoas tinham chance de conhecer, aprender sobre arte, cuidar de si, celebrar suas conquistas e conhecer e tecer novas relações nos grupos.

Um negócio, uma marca não é um produto. Uma marca é um símbolo de um movimento, que sustenta valores e através deles, podem inspirar as pessoas a reconhecerem seus princípios e a se auto-afirmarem.

Novos sentidos podem ser fortalecidos e constituídos quando compartilhamos os valores que guiam nosso negócio e a marca positiva que deixamos no mundo.

PILAR 3

O autodesenvolvimento e a superação de si como um eixo de construção de sentidos na vida e no negócio

Uma abordagem radical para mudanças –

“Você deve mudar sua vida.”

Rainer M Rilke

E quando não podemos remover a causa, ou um contexto trágico como sustentamos nossa vida?

Segundo Victor Frankl: ainda que indivíduo vivencie um contexto trágico, resta-lhe um resíduo de liberdade:  a de escolher qual será sua atitude.

 É a partir dessa perspectiva que enxergo a possibilidade de os negócios na medida em que encaminham ações que possibilitam às pessoas a crescerem para além de si mesmas.

Crescer para além de si e testemunhar seu processo de autodesenvolvimento é segundo Viktor Frankl um eixo que ajuda o indivíduo a atribuir sentido a sua própria vida.

Sob à luz desse olhar vou dando um “um laço” nas ideias compartilhadas questionando:

  • Que movimentos e práticas permitimos e fomentamos dentro e fora de nossos negócios que impulsionam o indivíduo a ser um “ativista delicado” na própria vida para desenvolver a capacidade de atuar e responder dentro de quadros adversos?
  • Como temos cuidado da saúde e bem-estar de nossos clientes e stakeholders?

CONCLUSÃO

Um olhar otimista a partir da atuação consciente nos negócios

Se por um lado nos deparamos com desafios existenciais no contexto profissional, por outro vimos possibilidades de os negócios potencializarem a construção de sentido na vida, quando desenvolvem em suas ações, os 3 pilares:

1 -O eixo servidor no qual questionamos o propósito do negócio, o seu porquê e buscamos um posicionamento que inclui o conhecer as necessidades dos outros (clientes, stakeholders, comunidade) para assim criarmos e o que faz sentido para o outro e tecermos relações de ajuda equilibradas.

2 Valores e identidade- O segundo pilar nos lembra da importância de validarmos e acessarmos a identidade como forma de inspirar mudanças através do que genuinamente somos e acreditamos.

3 O autodesenvolvimento e a superação de si E o terceiro pilar que convoca a mudança a partir de si. O eixo do autodesenvolvimento com um lugar estruturante de mudanças em si e quiçá no mundo.

Temos muitos desafios pela frente e confio que há muita gente disposta para tecer belas transformações!

A Dash é uma dessas marcas de transformação consciente! Agradeço o convite da querida Marcela e parabenizo à Dash com essa iniciativa tão bonita de ampliar os canais para conhecermos diferentes vozes e ampliar a consciência para tecermos novas rotas.

Agradeço, Ana Charnizon

REFERÊNCIAS

A voz da Dash deste mês de setembro é Ana Charnizon.

Ela atua na área de Inovação social com foco nos temas: estratégia, desenvolvimento de negócios, comunicação, Identidade e propósito, vendas,  gestão de comunidades, Andragogia e metodologias ativas.

Ana-Charnizon-695x1024
Foto: Ana Charnizon

É professora convidada pela Fundação Dom Cabral. Sócia Fundadora da Educação Harmônica. Ana trabalha nos principais programas no Brasil de desenvolvimento negócios,  impacto social e territorial  como consultora, mentora, facilitadora, produtora de conteúdo.

 Atua também ajudando negócios em seus processos de reposicionamento, identidade, processos de marketing e vendas.

Mestre em Educação e Linguagem (UFMG) e graduada em Educação (UFMG). Tem formação em Gestão e Negócios Sociais (Fundação Dom Cabral); Formação de Líderes e consultores-Base Antroposófica (Instituto Eco Social); Certificações em Marketing pela Rock Content e vendas B2B pela Growth Machine.

Contato: educacaoharmonica@gmail.com

Para nós, os Uniformes são muito mais do que simples peças de vestuário. Eles são uma extensão do que somos, a camisa que vestimos todos os dias para representar nossos valores por meio do trabalho que realizamos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *