Piercing no trabalho: pode ou não pode?

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Cada vez mais pessoas têm interesse em realizar procedimentos como body piercing e tatuagens, mas o que acaba sendo um diferencial estiloso e descolado na vida social, no ambiente formal pode ser motivo para algumas dores de cabeça. 

Isso ocorre devido ao pensamento de algumas empresas mais conservadoras, com um dress code de trabalho mais formal, principalmente. 

Eles acreditam que esse tipo de adereço pode manchar a reputação da sua empresa, por fazer alusão a um estilo alternativo que não representa o seu propósito no mercado, resultando no afastamento de clientes. 

Entretanto, nos últimos anos, muitas empresas têm flexibilizado não apenas a aceitabilidade do piercing em seus colaboradores, como até mesmo mudado o código de vestimenta para um estilo mais casual e informal, sem tanta burocracia.

Mas, acredite, perder uma vaga por sua aparência acontece com uma frequência maior do que os olhos desatentos conseguem enxergar. Por isso, neste artigo vamos falar o que é permitido e o que não é permitido por lei no ambiente de trabalho, quando o assunto é piercing. 

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Afinal, o que está previsto em lei sobre piercing no trabalho?

Por lei, toda empresa tem o poder diretivo, o que isso significa?

Em tese, o poder diretivo, é o poder tomar as decisões que envolvem a condução do negócio por ele gerido, direcionando as práticas empresariais conforme entenda mais conveniente para a sua realidade.

Isso permite que o empregador exija do colaborador o cumprimento de ordens e o desempenho de funções inerentes ao seu contrato de trabalho e, em contrapartida, paga a sua respectiva remuneração.

Mas esse direito só é válido quando se trata do exercício direto do trabalho desenvolvido pelo colaborador, quanto podem consistir em normas de conduta gerais da empresa.

Mas esse mesmo direito não pode ultrapassar o limite da discriminação, envolvendo casos em que a conduta preconceituosa ou discriminatórias em desfavor do empregado.

Por lei, a empresa não pode ter restrições de gênero, raça, idade ou qualquer tópico que fira ou gere discriminação, conforme a Constituição Federal. Por isso, a injustiça na seleção é geralmente velada.

Não é aceitável, por exemplo, que a empresa não contrate gestantes ou mulheres em idade gestacional para integrar os quadros de sua empresa ou que, por exemplo, obrigue pessoas homossexuais a se vestirem diferente do restante da empresa. 

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O que pode ser cobrado em relação à aparência?

Legalmente não há nenhum impeditivo de uma empresa solicitar ao empregado adequações na aparência, desde que não seja de forma discriminatória, vexatória ou excessivamente rigorosa.

A única exigência que a empresa pode fazer em relação à aparência é se esta estiver diretamente relacionada ao prejuízo do desempenho da atividade para qual o colaborador foi contratado. 

Se enquadra nesses casos, por exemplo, não exigir que o candidato tenha cabelo curto, mas pode ser uma regra ele ter que prendê-lo quando se trabalha em uma cozinha

Não se pode descartar uma candidata a babá por sua cor ou peso, mas pode exigir que a mesma não use brincos pequenos ou qualquer peça que a criança possa engolir.

Ou até mesmo no Exército que é exigido muito esforço físico e psicológico para desempenhar a função e nem todos têm essa disposição. No caso das aeromoças, a questão do peso precisa ser analisada por uma questão de segurança. 

Esses são alguns casos, mas muitas vezes a linha entre o que discrimina e o bom senso pode ser tênue e nada clara. A prática discriminatória ainda é muito comum e algumas exigências causam polêmicas.

No entanto, se o uso do piercing não está diretamente ligado ao exercício da atividade profissional, não é possível que o empregador exija que o colaborador não utilize piercing quando for possível a sua preservação em condições seguras para o desempenho do trabalho.

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Piercing no trabalho e dress code: como se adaptar?

Se você trabalha em um ambiente informal e que envolve a criatividade, o uso de piercings não precisa ter muita restrição, pelo contrário, eles representam a expressão da sua identidade e de quem você é no mundo, das suas preferências. 

Agora, em ambientes mais convencionais, muitas vezes é solicitado que deem prioridade à piercings como na orelha ou em locais que não aparecem (umbigo, por exemplo) ou que façam o uso de joias mais discretas. 

Peças com pequenos brilhantes, prateados ou dourados são os mais indicados para que o piercing se torne o mais discreto e delicado o possível.

Ou para quem já tem um furo há mais tempo e sem perigo de fechar, o jeito é tirar durante o horário do expediente. O importante é manter o bom senso em ambientes profissionais e sempre estar atento ao dress code da empresa, para saber o que é permitido ou não. 

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E o piercing na entrevista de emprego: pode ou não?

Uma coisa é já estar contratado, outra é estar em busca de uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Nestes casos, sabemos que a primeira impressão é a que fica, antes mesmo da pessoa te conhecer melhor. 

A escolha de expor um piercing tem que estar baseada no contexto da vaga, da empresa contratante e também da área de atuação do profissional.

É comum em alguns segmentos a naturalidade no uso dos adornos, pelo fato de ser uma área mais popular no público profissional jovem. Podemos destacar a área de Comunicação, Marketing e TI.

Porém, em áreas mais tradicionais como Medicina, Direito, e Engenharia, tatuagens e piercings sofrem certa resistência.

Nesse segundo caso, se tiver piercing, o ideal é apostar em lugares mais discretos, como orelha e nariz, que são bem aceitos ou retirar durante o período em que estiver na entrevista ou até mesmo no trabalho.